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sexta-feira, 29 de março de 2013

Não podemos desprezar tamanho mistério de Amor - Diácono Nelsinho Corrêa


Reze comigo: "Por tua Paixão, Senhor, tem misericórdia da minha insensibilidade e da minha ignorância! Tem misericórdia daqueles que não valorizam este dia e o vosso santo sacrifício. Misericórdia, Senhor!"
Supliquemos a graça de entrarmos no mistério deste dia. Não foi um “boneco” que morreu por nós na Cruz!
Vemos o Crucifixo no pescoço do traficante, vemos o Crucifixo na parede do bar, onde ainda se vende bebidas alcoólicas até mesmo para menores.
Estou chorando. E não de tristeza. Mas pedindo misericórdia por mim e por minha Família, e também por aqueles que ignoram a graça própria deste dia.
Paixão significa um intenso afeto. Imagine o sofrimento de Jesus na Cruz. Não podemos desprezar tamanho mistério de amor!
Você já apanhou na cara? Já foi esbofeteado de um jeito que ficou “sem rumo”? Já levou cusparadas? E o mais interessante é que Jesus estava consciente de que iria passar por tudo isto.
Em João 13,21 diz: “Depois de dizer isso, Jesus ficou interiormente perturbado e testemunhou: ‘Em verdade, em verdade, vos digo: um de vós me entregará’”.
Outra tradução afirma que Jesus “estremeceu” por dentro. Alguém já estremeceu interiormente diante do sofrimento?
Mas há outra tradução ainda mais forte que esta. Ela afirma que Jesus ficou profundamente comovido. Quem aqui já ficou profundamente comovido? Jesus ficou assim. Talvez até falando com a voz embargada. Ele não disse que alguém iria entregá-lo “sorrindo”! Não. E isto é o mais lindo: Jesus é este Deus humano. Que sofre. Que chora. Que estremece por dentro.
E as pessoas querem tirar o Crucificado das repartições públicas. Quando são para se fazer as leis, as pessoas afirmam que o estado é “laico”. Mas na hora da tragédia, da desgraça, estas mesmas pessoas recorrem ao Senhor pedindo misericórdia.
Você que é pai precisa dar um beijo no seu filho. Não adianta bancar o “macho”. Quem é “macho” é bicho! E você bancando o "machão" grita com a sua esposa na frente dos seus filhos. E você que é mãe fica acusando o seu marido também na frente das crianças. Jesus está profundamente comovido diante de situações como estas.
Quanto tempo faz que você não diz “eu te amo” para as pessoas de sua própria família? O Senhor está profundamente comovido com esta situação!
Ele também se dirige a nós que trabalhamos dentro da Igreja. Somos tão “carismáticos” dentro da Igreja mas, dentro do lar, somos como um “jumento” em forma de gente, dando “coice” em todo mundo! E o Senhor se comove com situações como esta.
Tem irmão que não fala mais com o outro irmão por causa de inventário, casa para alugar e tantas outras coisas. Famílias divididas, pessoas rancorosas, tudo isto comove o coração de Jesus.
Jesus disse que um dentre seus discípulos havia de entregá-lo. Você já sentiu a dor da traição? Quem já experimentou isto, sabe o quanto dói!
Jesus está profundamente comovido diante da situação de muitas nações. Principalmente na Europa. Países onde o Catolicismo sempre foi tão forte, nos quais tantos missionários surgiram e foram enviados em missão. Hoje estas nações ignoram a Cruz de Cristo.
Líderes que zombam da Cruz do Senhor. Países onde existem dois pesos e duas medidas. Estão querendo destruir o modelo tradicional de família. Jesus comove-se diante da ignorância do povo longe de Deus, que já não O respeita mais.
Quantos vivem a Quaresma e a Semana Santa sem estar “nem aí” para a graça própria deste dia. Indo para Cruzeiro (SP) cruzei, na estrada, com um casal de moto. Na garupa, a moça levava uma latinha de cerveja. Rezei por eles e fiquei pensando naquelas pessoas que abusam nas estradas, sofrem um acidente e blasfemam contra Deus!
Mas o Senhor comove-se diante de tanta miséria e dor! Como é maravilhoso tocarmos neste Deus tão humano! O Verbo se fez carne. Fez-se um de nós. É por isto que Ele nos entende tanto.
As pessoas do tempo de Jesus esperavam um Messias político, como um general que caminhasse à frente do exército e exterminasse os pagãos. Mas Jesus não é um Messias assim. Ele nos fala de amor.
E quantos de nós, diante deste amoroso Senhor, ficamos revoltados porque, ao invés da tal prosperidade, acaba enfrentando uma doença, uma privação.
Esta Semana Santa nos ajuda a “quebrar o ritmo”. Vivemos numa agitação louca! É preciso parar e mergulhar neste mistério da Paixão do Senhor.
Jesus está profundamente comovido quando “entregamos” a nossa Igreja. E fazemos isto quando atacamos nossos sacerdotes, questionamos o ensinamento do nosso Papa. É preciso ter respeito pelos padres!
Quando aconteceu aquele verdadeiro ataque sobre a Igreja, há algum tempo atrás, sobre aqueles casos de pedofilia, teve muito católico “bola murcha”, de “meia tigela”, que se colocou contra a Igreja. Bento XVI tratou esses casos com toda a seriedade. E veja que foram 1% dos casos de pedofilia que envolveram padres! Mas a Igreja tratou e continua tratando desses assuntos com toda a atenção. Mas o que aconteceu? Muitos, que se dizem católicos, abandonaram a Igreja e trataram os padres como se eles não fossem “um outro Cristo” entre nós, ou seja, generalizaram, tratando os padres como se não houvesse mais nenhum padre santo, fiel ao seu chamado, em nosso meio.
Deste tipo de católico a Igreja não precisa! Nesta Sexta-feira Santa, renovemos nosso compromisso em permanecer na Igreja e com a Igreja.

(Diácono Nelsinho Corrêa)

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