“Ó noite de alegria verdadeira que uniu de novo o Céu e a
Terra inteira”.
Sim: vivenciamos novamente, pela
nossa Fé e pela Liturgia a mais solene das noites. A noite em que a história da
Salvação da Humanidade atingiu seu ápice: a morte foi vencida pelo Senhor da Vida.
O mal já não tem poder sobre o discípulo que crê e age conforme o ensinamento
de Cristo.
A Cruz de Cristo, que na Sexta
Feira parecia ser um fracasso se torna o símbolo da maior vitória da História.
Cristo venceu a morte e garante a mesma vitória à quem nele crê a coloca seu
ensinamento em prática: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda
que esteja morto, viverá” (João 11, 25).
No Sábado de Aleluia a liturgia
inicia-se com o Fogo Novo ainda fora da igreja. Este fogo deve ser obtido a
partir atrito de pedras ou gravetos, a forma natural de se conseguir o fogo.
Ele simboliza a luz de Cristo que dissipa as trevas. “Eu sou a luz do mundo;
quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8.12). E tal
como Cristo Ressuscitou da morte, o Fogo Novo surge de uma situação
aparentemente adversa. O Círio Pascal possui inscritos a Cruz, o ano em curso,
o Alfa e o Ômega, respectivamente a primeira e a última letra do alfabeto
Grego: Jesus é o início e fim de todas as coisas. Uma série de leituras são feitas
ainda à luz de velas, acessas uma a uma a partir da chama do Círio Pascal, que
por sua vez foi acesso no Fogo Novo e, que representa a Luz de Cristo. Esta
simples experiência nos mostra a importância de nossa missão de discípulos de
Cristo. Aparentemente a chama de uma vela é muito pequena: no entanto diante de
grande escuridão já se torna uma luminosidade considerável; assim também em
nossa vida: uma pessoa que leve a palavra de Cristo, uma ajuda a alguém necessitado
pode fazer grande diferença e dissipar as trevas que assolam a vida desta
pessoa. E a partir de uma chama, repassada, toda a assembleia consegue
participar da liturgia; em nossa vida, compartilhar o ensinamento de Cristo e suas
ações é indispensável para podermos multiplicar as graças de Deus, conforme nos
alerta o próprio Cristo, Luz do Mundo: “Ninguém acende uma lâmpada e a cobre
com um vaso ou a põe debaixo da cama; mas a põe sobre um castiçal, para
iluminar os que entram.” (Lucas 8; 16)
A Liturgia perpassa por grandes
feitos de Deus na história de seu povo: a Criação do mundo, a provação de
Abraão, a Arca de Noé, a Passagem do Mar Vermelho, e perpassa por profecias,
intercaladas com Salmos de Louvor às proezas do Altíssimo. Após as leituras, acendem-se
as luzes ao som do Hino de Louvor, cantado por toda a assembleia e ao som dos
sinos: o povo aclama, como nas leituras, o nome de Javé. O Hino de louvor é
entoado novamente depois de omitido durante toda a quaresma e só entoado na
Semana Santa na Quinta-Feira, dia da Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio.
O toque dos sinos quebra definitivamente o silêncio: é hora de render louvores
ao Altíssimo; estamos na mais sublime das noites.
O bem venceu o mal; a Vida
superou a morte; a Luz venceu as trevas. Devemos comemorar, evidente. Mas o
mundo não vai ser salvo do dia para a noite se cada um de nós não fizer nossa
parte. É necessário que a reflexão de toda a quaresma se frutifique de forma
prática em nossas atitudes para que não sejamos uma luz embaixo do vaso. Deus
nos deu o dom da vida, a graça da redenção na Cruz de Jesus e a oportunidade de
estarmos cientes de tudo isso. E também nos deu o livre arbítrio: Deus não que sejamos
suas marionetes; Ele quer que creiamos e O busquemos por livre e espontânea vontade.
E este mesmo livre arbítrio permite que muitos irmãos e irmãos prefira o
caminho das trevas. É nosso dever de Cristãos comprometidos com o Reino tentar
levar a Salvação à todos:
“Ide por todo mundo, pregai o
evangelho a toda criatura (Marcos 16:15)”
“Ai de mim, se eu não anunciar o
Evangelho!” (1Cor 9, 16)
“Aquele servo que conhece a
vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá
muitos açoites. Mas aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de
castigo, receberá poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a
quem muito foi confiado, muito mais será pedido.” (Lucas 12: 47-48)
Feliz Páscoa!!!
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