Na Semana
Santa os Cristãos do mundo inteiro celebram o mistério a Paixão e Ressurreição
de Jesus Cristo. A Liturgia da Igreja Católica Apostólica Romana celebra ainda
a Instituição da Santa Eucaristia e do Sacerdócio. Os maiores mistérios de nossa
Fé são vivenciados neste período. Estamos em um momento de profunda
espiritualidade. A Semana Santa não é um “só mais um feriado prolongado”. É
muito mais que isso. Não podemos apenas relembrar a Paixão e Ressurreição do
Senhor como quem relembra um fato visualizando um álbum de fotos: devemos
vivenciar este momento de espiritualidade, pois a história da salvação continua
permanentemente na história da humanidade através de nós, discípulos de Jesus.
Devemos relembrar o amos supremo do verbo encarnado que se entregou por nós não
tendo culpa alguma, e nos salvou da morte e do pecado: “ele foi castigado por
nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou
sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.” (Isaías 53:5) e mesmo diante
do sofrimento da cruz perdoou seus assassinos: "Pai, perdoa-lhes, eles não
sabem o que fazem" (Lc 23,34) e garantiu a salvação àquele que se
arrependeu de seus atos e temeu a Deus em seus últimos momentos de vida
terrena: Em verdade eu te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso”. (Lc 23, 32-43).
Abaixo breves
reflexões sobre os momentos da Semana Santa.
“É uma semana
especial, um tempo que revivemos a cada ano, não como fatos do passado e sim
como atualização aqui e agora da presença de Deus que continua salvando a cada
um de nós, criaturas feitas a Sua imagem e semelhança.
(...)
Sem
merecimento fomos perdoados por um Deus tão humano e próximo de nós.”
(Dom Anuar Battisti - Arcebispo de Maringá/PR)
“A Semana
Santa deve ser um tempo de recolhimento, de interiorização e de abertura do
coração e da mente para o Deus da vida. Significa fazer uma parada para
reflexão e reconstrução da espiritualidade, essencial para o equilíbrio
emocional e segurança no caminho natural da história de vida com mais
objetividade e firmeza.
Jesus foi
açoitado, esbofeteado, teve a barba arrancada, foi insultado e cuspido. O
detalhe principal é que nenhum sofrimento O fez desistir de Sua missão nem ter
atitude de vingança. Ele deixou claro que o perdão é mais forte do que a
vingança.
Devemos
aprender com Ele e olhar a vida de forma positiva, sabendo que seu destino é
projetado para a eternidade em Deus.”
(Dom Paulo M. Peixoto - Arcebispo de
Uberaba /MG)
“Hoje
meditamos sobre o preço a ser pago. Ditado comum que escutamos quase sempre: ‘tudo
tem seu preço’. A nossa salvação também tem um preço, que na verdade foi pago
para nós e não que pagamos por ela. Vivemos numa cultura imediatista e onde
queremos encontrar soluções rápidas e fáceis para tudo. A cultura do
descartável, do passageiro, mas esquecemos muitas vezes, que problemas difíceis
e demorados exigem soluções difíceis, comprometedoras e demoradas, ou seja, a
longo prazo. E nem sempre queremos ‘pagar’ esse preço!”
(Padre Luizinho, Comunidade Canção Nova)
“Nesta Semana
tudo celebra o Mistério da Salvação, (...) Quando celebramos a liturgia e de
forma especial nesta semana A Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, não
estamos recordando, como num álbum de fotos ou num filme de gravações de
memórias passadas. A espiritualidade das celebrações litúrgicas atualizam em
nossa vida hoje o Mistério que estamos celebrando, ou seja, estamos vivendo e
recebendo as graças eficazes do que estamos celebrando, rezando. Por isso,
celebrar a liturgia não é fazer uma simples memória, mas trazer para minha vida
hoje, atualizar, tornar novo, Aquilo que nos trouxe Jesus Cristo, seus gestos,
Palavras e principalmente o Amor que o levou a morrer por nós na cruz.”
“O Domingo de
Ramos e da Paixão do Senhor abre solenemente a Semana Santa. No século IV, já
encontramos em Jerusalém notícias sobre uma celebração que procurava recordar o
mais exatamente possível à entrada histórica de Jesus de Nazaré na cidade.
Cristo que é saudado como Messias e Rei entra voluntariamente para sua Paixão.
A liturgia das palmas antecipa neste domingo, chamado de páscoa florida, o
triunfo da ressurreição, enquanto que a leitura da Paixão nos convida a entrar
conscientemente na Semana Santa da Paixão gloriosa e amorosa de Cristo o
Senhor.
Sentido do Tríduo Pascal
O Tríduo
Pascal é a maior celebração das comunidades cristãs. A Páscoa é o centro do ano
litúrgico, fonte que alimenta a nossa vida de fé. Celebrar o Tríduo Pascal da
paixão e ressurreição do Senhor é celebrar a obra da redenção humana e da
perfeita glorificação de Deus que o Cristo realizou quando, morrendo, destruiu
a nossa morte e ressuscitando, renovou a vida.
O que celebramos na Quinta-feira Santa?
O Senhor
celebrara com os seus a última ceia no contexto da páscoa judaica: a
comemoração da passagem de Israel pelo Mar Vermelho. Nesse dia, Cristo inaugura
à nova Páscoa, a da aliança nova e eterna, a de seu pão compartilhado e seu
sangue derramado, a de seu amor levado ao extremo e do mandato do amor para
nós, a de sua passagem pela morte à ressurreição, a Páscoa que devemos celebrar
em sua comemoração. Eucaristia, sacerdócio, mandato do amor e nova Páscoa do
Senhor são o conteúdo preciso da missa da Ceia do Senhor. O transporte das
formas (hóstias) consagradas à urna para a comunhão da sexta-feira inicia-se no
século XIII. O “monumento” (local físico) é elemento acidental e só encontra
sentido em vinculação com o mistério celebrado: agradecimento ao amor de Cristo
e oração-reflexão do mistério pascal.
O que celebramos na Sexta-feira Santa?
Como vem acontecendo
há muito tempo, na Sexta Feira da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, não se
celebra a missa, tendo lugar à celebração da morte do Senhor: o mistério que é
celebrado é uma cruz dolorosa e sangrenta, mas ao mesmo tempo vitoriosa e
resplandecente. Trata-se de morte, a de Cristo, real e tremenda; mas é passagem
para uma vida ressuscitada e eterna. O amor de Deus, que é vida, terá mais
poder do que o pecado do homem, que é morte. A celebração incorpora-nos à
redenção de Cristo e a seu mistério de salvação universal: pela morte à vida.
O que celebramos na Vigília Pascal?
Contamos com
documentos do início do século III, que apresentam alguns elementos desta
celebração, tais como: jejum, oração, eucaristia – e até batismo, com a bênção
da “fonte batismal”. Vão-se acrescentando depois novos elementos: o canto do
Exulte, que se vê documentado no século IV e a bênção do círio pascal, no
século V. Pouco a pouco, foi-se enriquecendo esta última, que deve ser “a
celebração das celebrações” para o cristão, e a que Santo Agostinho denominava
“Mãe de todas as vigílias”. Assim ouvimos com alegria: “Cristo ressuscitou,
verdadeiramente, dos mortos”! Num duelo admirável a morte lutou contra a vida,
e o Autor da vida se levanta triunfador da morte. Terminou o combate da luz com
as trevas, combate histórico de Jesus com os fariseus e todas aquelas pessoas
que não acolheram o Reino de Deus. Após as trevas brilhará o sol da
Ressurreição!”
(Padre Luizinho, Comunidade Canção Nova)
O que celebramos na Páscoa?
“A vitória de Cristo é a vitória
de cada um de nós que morreu com Ele no Batismo e ressuscitou para a vida
permanente em Deus; agora e na eternidade.”
(Professor Felipe Aquino, Comunidade Canção
Nova)
“ ‘Exulte o céu,
e os Anjos triunfantes, mensageiros de Deus, desçam cantando; façam soar
trombetas fulgurantes, a vitória de um Rei anunciando’.
É assim que a
Igreja celebra o anúncio da vitória da Vida sobre a morte, da Luz sobre as
trevas: Cristo Ressuscitou, Aleluia! No céu se realiza essa grandiosa festa
entre os anjos que, cumprindo a missão a eles confiada, descem para a terra e
comunicam aos homens essa linda realidade. A festa do céu chegou até nós!
Aquele que estava morto vive! O fogo novo do Círio Pascal entra na igreja ainda
escura para mostrar essa vitória da vida sobre a morte.
A luz nova que
entra na igreja é o sinal da Luz de Cristo que também chega até os nossos
corações. Todos são iluminados, só precisamos deixar que essa Luz Verdadeira
penetre o mais profundo em nosso ser, dissipando qualquer sombra e erradicando
em nós as raízes da vida velha. A Páscoa é muito mais que a “festa do
chocolate”. Para nós, resgatar o verdadeiro sentido desta solenidade é questão
de crescimento na nossa identidade de cristãos autênticos.
A ressurreição
de Cristo dá o sentido de todas as outras festas cristãs, enche de esperança os
sofrimentos e inaugura um tempo novo de crescimento rumo à realização do
projeto de Deus também para nós. Aquele que morreu por nós, também por nós
ressuscitou, para deixar claro que esse projeto do Pai também se realizará nas
nossas vidas.”
(Monsenhor Jonas Abib,
Fundador da Comunidade Canção Nova)
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